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terça-feira, 17 de julho de 2012

Por trás do Mito de Deméter e Perséfone





"Feliz é aquele que dentre todos  os homens  vivenciou  os Mistérios. Aqueles que não foram iniciados, nem deles participaram, não irão usufruir da mesma sorte quando vão morrer e mergulhar na tenebrosa  escuridão”  - Homero.



A disseminação do mito de Deméter e Perséfone, concretiza-se com a vivência dos Mistérios Eleusianos, estes que possuíam  uma sacralidade de tanta valoração para o povo grego, que sem sua celebração anual, o mundo caíria no caos, Estes mistérios  tratavam  da iniciação dos indivíduos em  um cerimonial à longo prazo, dividiam-se em dois: Mistérios menores, vivenciados durante o período do equinócio de primavera,  que abordavam  desde o padecimento da carne para a chegada à Eleusis através da floresta , onde os candidatos vivenciavam a mãe terra em todos os seus aspectos e libertavam-se do primeiro estágio mundano; muitos autores relatam que durante este período da vivência os candidatos à iniciação faziam um sacrificio de um Porco - o animal consagrado à Deusa da Fartura dos Grãos -  e os Mistérios Maiores, acontecidos na época do equinócio de outono, regendo a descida de Perséfone ao mundo avernal e o primeiro domínio dos Demonios interiores

Com as invasões indo-européias e o fim da veneração do culto supremo à grande Deusa na Europa por volta de 2.500 a.e.c. A figura do patriarcado foi ganhado cada vez mais força, firmando no panteão grego um Todo-poderoso Zeus, que é concebido mais firmemente após as conquistas do sul europeu. Os contos ocidentais, tendem a separar as mulheres de seus seres amados ou seu objeto de felicidade, não diferente dessa influência; A virginal Kore é retirada dos braços de sua Sagrada mãe.
Deméter e kore, pertencem ancestralmente a tradições matriofocais, onde os mistérios passados se restringiam somente as mulheres, com a perpetuação e a pulverização de seus mitos, os mistérios eleusínos começaram a aceitar também todo aquele que falava grego e não tinha as mãos sujas por sangue.
O desenrolar do tempo trouxe o surgimento de novos Deuses que assumiram a forma das Antigas deidades femininas, incorporando seus simbolismos de uma forma de culto geocêntrica, Incorporando não só ao mito de Deméter e Perséfone  mas movimentos de raptos e estupros, tornando as Deusas sempre em um papel subjacente as divindades masculinas.
Seguindo por este caminho, o mito de Deméter e Perséfone é apenas uma releitura de convenções sociais enraizadas na psique, agora  já frágil; de mulheres que aprendem a servir sem questionar.
 O convite é para um novo olhar sobre o mesmo mito, tanto retratado por psicólogos, espiritualistas, antropólogos..

Do prisma  matriarcal que se reporta de maneira fiel aos antigos mistérios,
 A atenção está  no poder de  transformar regente da energia feminina e seu  ponto culminante é a relação 
saudável entre mãe e filha, as retirando então da figura subjugadas por Deuses masculinos.

 A Deusa no drama resgata a jovem Kore, que desceu ao mundo subterrâneo após ouvir o suplício dos mortos, de livre e espontânea vontade; quando ela volta do submundo vestida na face de Perséfone, já absorveu então a figura masculina gerando assim um filho, retratado futuramente como a ingestão de sementes de romã.

Neste processo, a transformação de Kore resguarda é a verdadeira consagração do mito. Perséfone,  Deméter e Hécate reforçam então a tríplice divinal da Deusa, como eterno ciclo de morte e renascimento.
E assim os mistérios eleusínos,perduraram por quase dois mil anos sem que ninguém revelasse seus rituais.

quarta-feira, 11 de julho de 2012