O Ano acabou é o fim da roda.. e o começo de outra, confesso que por vezes publico algumas reflexões sobre a minha vida mudana neste blog, mas também tenho ciência de que é raro, ainda assim Samhain , impele o mais retraído dos indivíduos a refletir sobre a Roda que se passou, e é fato de que sofri um processo violento de morte e renascimento, não é a toa que os Deuses mandam aquilo que seus aprendizes podem suportar. Não questionei mais a vontade divina apenas quis entende-la como processo natural da busca e a minha mais nova inclusão no meio acadêmico obtive muito mais acesso a teses e dissertações científicas. Apesar da minha contínua busca pela compreensão dos fatos indesejáveis que se sucederam na roda que está fazendo sua passagem acabei encontrando o que havia perdido há muito tempo..
Eu mesma.
Por certo agora havia encontrado alguém suficientemente interessante para começar a desvendar, cheia de desafios, pensamentos, desejos, vontades... Então iniciei a busca daquela que eu há muito havia me esquecido, mas que a Senhora consagrada em ágape despertou.
Caminhei pelos caminhos do elemento Terra e compreendi a essência da vida e do corpo, base sustentadora de qualquer jornada espiritual que se inicie, neste mistério descobri que muitos daqueles que trilham o caminho comigo ainda prendem-se as amarras terrenas demasiadamente a ponto de continuarem acorrentado nos grilhões do materialismo.
Obtive deste mistério a compreensão dos ossos...
Ossos. Aqueles que estruturam a vertente da alma, o fio da vida destilado no nosso corpo precisa de algo que o sustente, os ossos são a raiz do self, do verdadeiro eu, conta uma lenda hispânica que há uma mulher velha , de corpo farto e muitos pelos que vaga pelos bosques recolhendo os ossos principalmente os dos Lobos, reza o mito que ela depois de unir todas as partes , ascende uma fogueira e começa a clamar pelos deuses, os ossos começam a se encher de carne e a criatura começa a criar vida e quanto mais ela clama mais vida o lobo possui até que em seu ápice o animal solta a respiração e salta de volta para a floresta.
A Lenda de La loba é o canto para os deuses, a libertação e aceitação do que você verdadeiramente é quando ela canta, ela implora que as divindades voltem a conceder o dom da vida para aquela criatura pelo o que ela verdadeiramente o é, a fogueira é a materialização da transformação que é observada durante este processo.
Hoje a psique femina sofre muitos ataques que dilaceram as carnes e espalham os ossos, o despertar da Deusa permite que tenhamos a primeira consciência de buscá-los, para que então possamos gritar para o universo que mulher somos verdadeiramente e em essência.
Foi então que transcendi a aceitação de meu corpo, tomei a vida em mim... e me tornei capaz de caçar meus objetivos, de alimentar um consorte e consolidar minhas metas.
Esse punhado de ossos que, na areia,
alveja e estala à luz do sol a pino
moveu-se outrora, esguio e bailarino,
como se move o sangue numa veia.
Moveu-se em vão, talvez, porque o destino
lhe foi hostil e, astuto, em sua teia
bebeu-lhe o vinho e devorou-lhe à ceia
o que havia de raro e de mais fino.
Foram damas tais ossos, foram reis,
e príncipes e bispos e donzelas,
mas de todos a morte apenas fez
a tábua rasa do asco e das mazelas.
E ai, na areia anônima, eles moram.
Ninguém os escuta. Os ossos choram.
(Ivan junqueira)
Caminhei um pouco mais e alcancei as portas do Fogo, portal de libertação .. onde obtive a real liberação de tudo aquilo que não me pertencia .. presenciei neste, o reencontro com um caminho ancestral e amigo: O Caminho Vermelho, que me mostrou o verdadeiro sentido de irmandade, por ele também passei por processos de cura um tanto quando densos perto da minha vivência anterior desta tradição.
No fogo do espírito não há espaço para a vaidade e retração mas sim única via ; a da aceitação, nesta jornada aprendi que nem sempre a pompa é o real poder, e que há pessoas simples, de pouco brilho que carregam em si um grande potencial espiritual trazendo no bojo de sua palavras uma sabedoria ancestral.
Aprendi jargões, costumes, ritos, rezei madeiras, lavei-me com a água da vida e então, adentrei mais esta aventura de coração limpo.
Fui presenteada nesta leitura com o cocar, pois o processo do temazcal já havia sido concluído e não fora necessária a subida da montanha através da busca da visão, descobri no sopro da chanupa o ensinamento do velho,desci dos pilares de ostentação ao qual havia há muito tempo sido apresentada.
Aprendi jargões, costumes, ritos, rezei madeiras, lavei-me com a água da vida e então, adentrei mais esta aventura de coração limpo.
Fui presenteada nesta leitura com o cocar, pois o processo do temazcal já havia sido concluído e não fora necessária a subida da montanha através da busca da visão, descobri no sopro da chanupa o ensinamento do velho,desci dos pilares de ostentação ao qual havia há muito tempo sido apresentada.
Me tornei uma igual. Uma Guerreira de uma terra de Tupã, cantei com os indíos.. abri trilhas , provei das suas medicinas.. me senti cada vez mais perto de eu mesma .
Aprendi com eles a canção que fala mais alto entre todas.. a canção do coração , da familia.. que compõe a unidade e transforma em sagrado : a mãe, o irmão, o amigo , o companheiro, os próprios deuses e esta é cantada de mãos dadas, como deve ser .
Aprendi com eles a canção que fala mais alto entre todas.. a canção do coração , da familia.. que compõe a unidade e transforma em sagrado : a mãe, o irmão, o amigo , o companheiro, os próprios deuses e esta é cantada de mãos dadas, como deve ser .
Fui águia e golfinho, onça e beija-flor.. deixei a força que lateja em mim me guiar.. e por inúmeras vezes ela recebeu o nome de amor.Um ensinamento foi-me passado por um senhor de muita sabedoria, que diz enquanto você cantar dentro de você ninguém poderá tirar sua voz.
Fui Guerreira , lutei com a bondade do meu peito e com os dons que me concederam..olhei para todos nos olhos e me coloquei no círculo e jamais numa piramide.
Desvendei o ego no fogo, o libertei antes que ele próprio me levasse a sucumbir.
Com os pés cansados da dança os levei até a força da água ,mergulhei então nas profundezas do útero da Grande mãe, era necessário ouvir a sua voz , pois era ela a quem guiava meus passos, vi muitas pessoas se aproximarem com o intuito do Urso, companheiro e guardião que ainda não controla seus instintos, nos mistérios da água fiz minha casa e a observei moldar-se passar por vários estados desembocar em oceano.
Vi a vontade e o querer moldar o desejo. Vi o amor se torcer até perder seu sentido.
No entanto o ensinamento primordial do oeste , direção está consagrada pela Bruxaria Tradicional ao elemento água, é aprender a moldar-se conforme ela , não a nada que a agua fira diretamente , entretanto quando desafiada sufoca até o mais desenvolto nadador.Ela pode ser a chuva que transfoma a terra em fecunda, o temporal que a energiza.. mas pode limpar civilizações inteiras.
Já limpa de algumas das mazelas da alma e compreendendo a desenvoltura da água, pude andar mais.. e cheguei ao Ar.
Descobri nele a casa de minha Senhora.. de minha Deusa.. aceitei por fim os Dons a mim destinados e resolvi fazer usufruto deles para o meu Bem e dos meus , pelos sinais das fumaças e dos ventos aprendi a ler o tempo correto de se agir, racionalizei como um coiote velho.. e abri seus portões tendo meu uirapuru , guardião consagrado a este quadrante, por irmão.
Me emocionei ao ler este texto, muito verdadeiro. Hoje tua felicidade e alegria contagie a todos. Seja bem vinda pequena guerreira filha da Deusa.
ResponderExcluirSuper bacana o texto, bem lindo!
ResponderExcluirQue divina aquela cachoeira eim?
kkk
to seguindo aqui, segue devolta por favor *-*?
beijos, www.palaceofashion.com