Depois de coberta de rótulos, preconceitos e ideias arraigadas na tradição sobre a velha arte, me sinto cada vez mais responsável, como sacerdotisa, em desmistificar a religião, trazendo a verdade da Deusa novamente à luz.
Nós não sacrificamos animais, crianças ou qualquer outro tipo de vida. Para nós a Deusa é a própria natureza e todos os ciclos são sagrados, não tememos a morte mas tampouco desrespeitamos os limites da vida, nos alinhamos com a mãe-terra e suas transformações durante a roda do ano. Ainda assim não nos alienamos da vida mundana.
Não acreditamos em um único Deus, com poder coercitivo pelo qual deve-se seguir se não quiser arcar com a consequência de suas punições, somos politeístas reconhecemos a energia divina nas mais diversas facetas que ela se manifesta, na alegria da festa, no recato da casa, na honra do sacrifício e na força da vida. Diferenciamo-nos quando tornamos a face negra de nossos Deuses divina, e tiramos dela o ensinamento para evolução.
Fizemos rituais, pois é através deles que nos tornamos cada vez mais próximos de nossos Deuses ,ou seja, de nós mesmos. Através deste mecanismo racional nos libertamos das amarras terrenas para adentrarmos um plano divino onde a conexão com a sacralidade interna e externa se torna iminente.
Não julgamos, compreendemos. A bruxaria antes de tudo é a Religião da Deusa, e Ela é aceitação, o amor, a compreensão e ainda que seja também tudo o que putrifica, o negro que consome a vida para transformá-la novamente em plena. Ela acolhe seus filhos mesmo que eles o rejeitem como o ocorrido durante a consolidação do patriarcado.
Não adoramos , reconhecemos . Temos imagens, pois é através delas que religamos a mente e a emoção. Compartilhamos de fé com a vida e a Terra, não vendemos nossos valores nem nossas crenças, não convertemos, explicamos a doutrina somente aquele que a desejar.
Sequer reconhecemos o inferno cristão, quanto menos suas criaturas.
Portanto , meus caros. Digo e continuarei afirmando: Sim, eu sou uma bruxa!
Sou uma bruxa, quando me entrego aos mistérios da terra e reconheço meus Deuses no meu dia-a-dia , quando não me entrego em conformismo diante dos desafios que minha Senhora desprende em meu caminho.
Sou feiticeira, quando reconheço a veracidade da energia que emana de cada ser e torno dentro do possível a melhor aceitação e controle desta.
Sou filha da Grande mãe, quando me entrego aos mistérios femininos e descubro que verdadeira missão em equilibrar caça e caçador.
E ainda que esta firmação de meus votos traga-me com frequência alguns inconvenientes, continuarei a fazê-la até que verdade de minha fé, entrega e consciência seja reconhecida pelos homens, pois pelos Deuses, há muito os sinto em minha existência.
Em amor perfeito à irmandade que habita esta terra ,
Kandake
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